Respiração e ritmo, característicos da prática milenar, influenciam o humor.
Entre as várias técnicas da ioga, os exercícios respiratórios (pranayama) parecem ser os que exercem maior influência nos estados de humor, justamente pela notória relação das emoções com a respiração. A regulação respiratória depende de uma série de mecanismos involuntários, podendo ser realizada sem a interferência do controle voluntário. As características da respiração se ajustam de acordo com as emoções, mas é possível alterar voluntariamente seu ritmo, frequência e profundidade.
As técnicas respiratórias orientam justamente esse controle voluntário, exercendo influência em mecanismos involuntários que regulam a respiração e o sistema cardiovascular, podendo modular a interação entre sistema nervoso simpático e parassimpático e, consequentemente, o eixo HPA (as mudanças no eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) são características da depressão). Esses exercícios ativam o sistema nervoso autônomo, com a finalidade de inibir o sistema simpático e estimular o sistema parassimpático. Com a prática dos exercícios propostos pela ioga, os quimiorreceptores sensíveis à elevação de CO2, localizados no centro respiratório do cérebro (no tronco cerebral), começam a responder menos a esse aumento durante a expiração, de modo que o indivíduo consegue expirar mais prolongadamente, reduzindo a frequência cardíaca.
As técnicas têm como finalidade prolongar a expiração e valorizar a retenção de ar. Esse princípio conduz a um treinamento tão forte do SNA que ocorre um aumento das variações da frequência cardíaca, mesmo quando o indivíduo não está praticando, pois o padrão respiratório involuntário é profundamente alterado. Essas pesquisas talvez expliquem por que os praticantes de ioga são menos propensos a desenvolver transtornos de ansiedade e de humor e respondem melhor às alterações emocionais negativas.
Fonte: Revista Mente e Cérebro.
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