A descoberta é de um dos maiores e mais importantes centros de pesquisa do mundo, a Universidade de Boston, nos Estados Unidos. E confirma de forma cabal o efeito ansiolítico do yoga. É que as posturas dessa prática, que une alongamento e meditação, agem diretamente no sistema nervoso central, trazendo calma e relaxamento. Por isso, sugere o estudo, merece figurar entre os mais eficientes métodos alternativos contra a depressão e os distúrbios de ansiedade.
Os adeptos do yoga conhecem e divulgam esses benefícios aos quatro ventos. Só que pela primeira vez os cientistas relacionaram a prática ao aumento no cérebro dos níveis do ácido gama-aminobutírico, ou GABA, na sigla em inglês, um neurotransmissor que diminui os estímulos nervosos e relaxa as células ali na massa cinzenta. Pessoas com depressão apresentam uma drástica redução na quantidade de GABA, disse à SAÚDE! Chris Streeter, chefe do trabalho americano.
Os pesquisadores compararam pacientes que fizeram as posturas durante uma hora com gente que passou o mesmo período lendo um livro. Logo depois, com a ajuda de exames de ressonância magnética, analisaram o teor de GABA no cérebro dos praticantes. Houve um aumento de 27% depois da sessão, enquanto que nenhuma alteração foi encontrada nos indivíduos do grupo de leitura. "Esse trabalho prova que a prática ajuda a regular os níveis da substância, assim como as drogas, mas sem efeitos colaterais", ressalta Streeter, que é professor de neurologia e psiquiatria.
Um trabalho feito no Brasil pela psicóloga Juliene Azevedo Oliveira na Universidade Católica de Brasília mostra que os resultados são ainda melhores quando se alia o método a sessões de psicoterapia. Durante seis meses a especialista analisou 32 mulheres que foram divididas em três turmas. Na primeira as voluntárias só fizeram yoga. Na segunda, psicoterapia e, na terceira, ambas.
Pesquisas anteriores já davam conta de que o yoga eleva os
níveis de serotonina, outro neurotransmissor que também cai em pessoas com
depressão, revela Juliene. Então, é de se supor que a soma das duas substâncias
serotonina e GABA resulte em uma química natural, praticamente imbatível contra
a tristeza sem fim.
A doutora em psicobiologia e pesquisadora da Unidade de
Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo
Elisa Harumi Kozasa é uma entusiasta do uso terapêutico do yoga. Já se sabe que
ele funciona como um ótimo complemento dos tratamentos convencionais,
aumentando as chances de cura, conta. A especialista destaca que a prática
reúne aliados de uma mente saudável, como a atividade física, a
meditação e o relaxamento.
Ele tende a funcionar muito bem para quem sofre de depressão
leve ou moderada, mas, quando a doença é recorrente ou muito severa, fica difícil
sentir os efeitos, ressalva, ponderada. Segundo a tradição do yoga, a depressão
e a ansiedade resultam de uma baixa na energia vital do corpo em razão da vida
agitada e do estresse.
O método procura despertar a consciência e equilibrar o
indivíduo para reabastecê-lo, explica a professora Nicole Witek, do Centro Respire Yoga, de São
Paulo, que se especializou no tratamento da depressão. A procura no Brasil tem
crescido a cada ano. Segundo estimativas da União Internacional de Yôga, hoje são mais de 5 milhões de
adeptos no país.
Fonte: Revista Saude é Vital
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