Pesquisa realizada pela UNIFESP verificou quase 70% de melhora no índice mínimo
de depressão dos praticantes.
Um trabalho realizado pela pesquisadora Thais Godoy, do
Instituto de Medicina Comportamental do Departamento de Psicobiologia da
UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) encontrou resultados que
demonstraram que os efeitos da Yoga melhoram os sintomas do humor e da
qualidade de vida dos praticantes. Isso inclui significante melhoria do estado
de saúde e satisfação de vida dos participantes.
O estudo verificou a eficácia da prática do Yoga como um
recurso terapêutico, que pode ser utilizado como terapia complementar por
qualquer indivíduo ou ainda como importante recurso nos tratamentos
psicológicos ou psiquiátricos, indicados para qualquer tipo de problema
comportamental.
O desenvolvimento de um programa de Yoga em um ambiente
empresarial, como o executado neste estudo, sugere também que ao melhorar a
qualidade de vida dos funcionários melhora também a sua produtividade. “O Yoga
incentiva os praticantes a tomarem consciência de seu corpo e de suas tensões
através de posturas físicas. Além disso, por focar o autoconhecimento,
concentração e meditação, sua prática também pode contribuir para facilitar a
autoconfiança e um sentimento pessoal de maior senso de controle e qualidade de
vida”, afirma Dr. Ricardo Monezi Julião de Oliveira, professor do curso de pós
graduação em Medicina Comportamental, do departamento de Psicobiologia da UNIFESP.
O cálculo da amostra foi realizado partindo de um projeto
piloto contendo 15 indivíduos de um grupo experimental de uma empresa e 15 no
grupo de controle (que não realizou a prática). Entre os diversos resultados
obtidos, constatou-se que 68% dos indivíduos do grupo Yoga apresentavam índice
mínimo de depressão, enquanto no grupo que não pratica apenas 39% apresentaram
tal melhora. Outro dado importante foi o grau de ansiedade do grupo Yoga que
apresentou grau mínimo de ansiedade (76%), sendo que os indivíduos do grupo de
controle apresentaram apenas 7%.
Na comparação dos dois grupos (que praticam e os que não
praticam), foram constados diferentes níveis de ansiedade antes e depois da
inserção do Yoga em suas vidas. Só para se ter uma idéia, o grupo que pratica
Yoga começou com 24% no nível mínimo, 52% no leve, 20% no moderado e 4% no
grave. Ao final de três meses, o resultado foi de 19% no nível mínimo, 6% no
leve e nenhuma pessoa mais nos níveis moderado e grave. Desta forma,
concluiu-se claramente que o grau de ansiedade das pessoas diminuiu
drasticamente após as práticas.
No item qualidade de vida que engloba questões relacionadas
à satisfação com a vida e com a saúde, foi observada significativa melhora no
final do programa, tanto para os praticantes como o integrantes do grupo que
não praticaram Yoga.
Vale lembrar que a idade dos participantes variam de 20 a 45
anos de idade e a aplicação do programa com as técnicas de Yoga tiveram duração
de três meses, com 50 minutos/aula para os praticantes, como para o grupo de
controle, que serviu como parâmetro de comparação.
Questionários de avaliação clínica (qualidade de vida,
depressão e ansiedade), com perguntas objetivas, foram interpretados por uma
psicóloga da equipe de pesquisa. As técnicas de Yoga foram aplicadas em
sequência estruturada, usando como referência, o Yoga Sutra de Patânjali,
também conhecido como Ashtânga ou Oito Membros, onde se considera que os âsanas
(postura físicas) são uma preparação para as técnicas meditativas e
respiratórias, auxiliando na concentração e relaxamento ao final da prática.
Dados da OMS afirmam a importância de tratar o estresse
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o
estresse afeta hoje mais 90% da população mundial. Este fato preocupa a
comunidade científica, uma vez que o estresse está associado à ocorrência de
diversas doenças como patologias metabólicas, cardiovasculares,
gastrointestinais, distúrbios do crescimento, câncer, depressão, distúrbios
reprodutivos e doenças infecciosas.
As exigências da vida moderna, aliada às pressões e tensões
do cotidiano profissional afetam a condição emocional, física e mental,
interferindo na qualidade de vida, fazendo com que os indivíduos enfrentem
crescentes problemas decorrentes do estresse moderno. Calcula-se que atualmente,
o estresse atinge cerca de 60% dos executivos, sendo considerada a doença do
século. Trata-se de um problema sócio -econômico que atinge pessoas ainda
jovens, em idade produtiva e que geralmente ocupam cargos de responsabilidade,
diminuindo sua capacidade produtiva e consequentemente gerando despesas diretas
e indiretas.
Como o Yoga é um sistema filosófico-prático, que consiste em
posturas físicas e respirações para harmonização do corpo e mente, e tendo
evidências de que a execução regular dessa prática proporciona ao sujeito maior
flexibilidade corporal, aumento da vitalidade, redução de pânico psicológico e
redução de doenças cardiovasculares, o Yoga vem sendo uma das técnicas mais
utilizadas para a diminuição dos efeitos nocivos do estresse.